O clube de campo é um lugar maravilhoso. Vou parar la todo fim de ano, já me acostumei com o lugar. As festas-juninas, futebol e etc.
Não estava aproveitando muito aquela tarde. As opções que ali estavam disponíveis para divertir as pessoas, não me divertia. Estava prevalecendo uma monotonia muito grande na cadeira onde estava sentada em baixo de um guarda sol enorme a beira da piscina.
Fui beber alguma coisa no bar. Um senhor chegou com um rapaz a seu lado, que estava olhando para todos os lados. Estava vestido em um terno preto e seu cabelo era grande como o meu, mas amarrado como um rabo de cavalo. Achei estranho, pois era um churrasco em baixo de um sol escaudante. Chegaram perto de mim, e pude ouvir a conversa dos dois:
- Aqui é o barzinho! Sinta-se a vontade. E se precisar de qualquer coisa pode me chamar. Quer alguma coisa? Aquele rapaz ali dentro vai te servir é só chamar, quer que eu o chame?
O rapas riu.
- Não! Muito obrigada! Não tenho vergonha, acho que consigo me virar. - Sorriu.
Ele estava ao meu lado, e pediu para que o churrasqueiro lhe desse um copo. Ele olhou pra mim, com um ar de simpatia, saiu sorrindo e acenando.
Olhar sincero. Me lembrava muito "alguém".
Virei o rosto com vergonha, e sorri sozinha, realmente ele não tinha vergonha.
Estava curiosa pelas vestes dele.
Quando olhei pra trás já não estava mais la. Fique sentada comendo e vendo os pássaros que voavam por cima das árvores, era a melhor coisa que tinha para se fazer naquele momento.
Após uma hora mais ou menos, um dos violeiros anunciou no microfone sobre uma tal apresentação de mágica que aconteceria dali alguns minutos.
Me levantei da cadeira da onde estava, e fui em direção ao casarão no centro do clube. estava la montado um cenário com lençóis pretos. Detrás dos lençóis, vagarosamente ele saia, o rapaz vestido de preto. estava com uma cartola na cabeça e uma suposta varinha mágica em uma das mãos. Parecia estar animado enquanto arrumava alguns apetrechos que trazia em uma mala vermelha grande.
Ainda não havia ninguém la. Me sentei para observar. Enquanto ele se arrumava, eu o assistia. Ele parecia não se incomodar com meus olhares curiosos. Sorria a todo instante.
Então subitamente ele parou de costas pra mim. Se virou e olhou em minha direção. Algumas crianças entraram pelas portas atrás de mim. Quando ele se virou, parecia que já sabia que algumas pequenas pessoas o observavam de longe, inclusive eu claro,uma pequena pessoa que o observava, mas de perto, e então logo foi tirando dos bolsos algumas cartas de baralho.
As crianças se juntaram todas em volta dele. E gritavam eufóricas para que ele fizesse uma mágica. Sem duvidas nenhuma de que ele era um mágico. Obvio.
Cada peça que ele pregava com suas ilusões de ótica o divertiam cada vez mais. Fizera aparecer um coelho branco, que ficou ao seu lado pulando.
Então o Show finalmente começou. Ele era ótimo. Um mago excelente. Fique a apresentação toda deslumbrada com seus truques, e com seu sorriso, que as vezes era pra mim.
No final do espetaculo todos se foram, e meu pai me aguardava em baixo do guarda sol a beira da piscina. Então me virei e fui em direção ao meu pai. Olhei pra trás, e la estava ele me olhando com o mesmo olhar sincero.
Me sentei ao lado de meu pai, enquanto olhava ele arrumando seus pertences para partir. As vezes nossos olhares se encontravam. As vezes ele mexia na cartola,até que por fim cobriu seu olhar com a aba e depois a tirou num gesto de reverencia, e sorria como se estivesse dizendo "foi um prazer conhecer-te".
E ele se foi.
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